sábado, 5 de novembro de 2011

Cidade das crianças



A libertação dos escravos no Ceará aconteceu no ano de 1884, quatro anos antes de a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea acabando com a escravidão no Brasil. O evento prévio cearense foi o mote para a denominação de vários monumentos e locais públicos como a Cidade da Criança.

O lugar, frequentado por adultos e crianças no Centro de Fortaleza, tem uma área de 26.717 metros quadrados e foi iniciada a sua urbanização em 1890 quando recebeu o nome de Parque da Liberdade, referência à libertação dos escravos no Ceará.

A inauguração oficial só vai acontecer em 1902, quando o muro que cerca a área e as primeiras construções foram concluídas.

O local teve a denominação de Parque da Liberdade até o ano de 1922, quando em homenagem ao centenário da independência do Brasil, passa a chamar-se Parque da Independência. O novo nome vai permanecer por apenas 14 anos, quando em 1936 recebe o epíteto de Cidade da Criança. Como marco da mudança denominativa, é colocada alí uma estátua de duas crianças, um menino e uma menina, fundida em bronze em Milão, na Itália.

Em 1948 o local volta a ser chamado de Parque da Liberdade.

Naquele logradouro está instalada hoje a Funci - Fundação da Criança e da Família Cidadã, órgão da Prefeitura Municial de Fortaleza, O trabalho da fundação é direcionado a menores abandonados, carentes, espancados e violentados, assim como às famílias deles. Um trabalho sócio-educativo que se extende por toda a cidade.

A Cidade da Criança está aberta diariamente para visitação pública.

Ainda em 1890 é construído ali um castelete, como está grafado na placa de bronze em forma de escudo: ´Ano de 1890, construído pelo engenheiro militar Romualdo de Carvalho Barros e seu auxiliar Isaac Amaral, sendo governador do Estado o coronel Luiz Antônio Ferraz.´ Há uma segunda placa de bronze na construção que repete o mesmo texto da placa em forma de escudo.

No meio do parque há uma ilha, e numa placa de bronze é contada a história do local: ´a princípio natural, era recoberta de salsas e plantas exóticas. A água da lagoa era corrente e vinha do Tauape, passando por uma porta d´água rumo ao Pajeú, na Rua do Sol (hoje Costa Barros), dali atingindo o Atlântico (Otacílio de Azevedo, in Fortaleza Descalça, 2ª edição, tiragem especial). No centro da ilha foi construído o Templo do Amor, onde se vê a estátua do Deus Cupido, trazendo nos ombros a alfava de flechas, em 1940 foi erguido um suntuosos restaurante no que era a diretoria da escola. Daí partiam os barcos para passeio, nesta época havia espaços ao ar livre para corridas de bicicletes, patins e corridas de tamancos e jegues. Em 1951 foi criado pela primeira vez o mini zoo.´

Sobre um dos portais do parque, o que fica em frente à praça da Igreja do Coração de Jesus, foi erguida a estátua de um índio, quando do retorno à denominação de Parque da Liberdade. No portal há uma placa que explica: ´O índio representa a liberdade, com os braços abertos, quebrando os grilhões que lhe acorrentavam os pulsos. Esta escultura foi obra do pintor e escultor Euclides Fonseca, que esteve no Ceará realizando uma exposição de pintura na cultura artística em 1925. A estátua é de cimento pintado imitando bronze (Otacílio de Azevedo, in Fortaleza Descalça, 2ª edição, tiragem especial)´.

A Cidade da Criança teve sua inauguração formal em 1902, no governo do coronel Luiz Antônio Ferraz, com o nome de Parque da Liberdade. Em 1922 no Governo de Justiniano de Serpa, o prefeito Ildefonso Albano, em comemoração ao primeiro centenário da independência, fez mudanças no muro que circunda o parque deixando-o em estilo colonial e transportou para ali as grades do Passeio Público. Foram colocadas então quatro portas circulares com telhado e beira-bico nos quatro cantos do logradouro.

Em 1938 sofreu outras reformas, recebendo o nome de Cidade da Criança através do Decreto N° 187, de 28 de janeiro de 1938, mesmo ano, quando o prefeito Raimundo Araripe criou o serviço de educação infantil, mantido pela municipalidade de Fortaleza, que funcionou naquele local.

Hoje a escolinha e o mini zoológico que funcionaram por algumas décadas já não existem. Os edíficios estão ocupados pelos funcionários públicos e a área externa é usada para passeio e lazer dos fortalezenses, apesar das condições de limpeza não serem as melhores e haver reclamação de populares sobre a falta de policiais no local.

Em plena manhã de sol, casais aproveitam a sombra das árvores nos bancos em volta do lago para namorar, pais e mães passeiam com filhos e dão comida aos patos e gansos espalhados pela grama e no lago.

O lago está com o espelho d´água muito baixo e muitas garrafas pet e copos descartáveis dão um aspecto muito desagradável. Ali é necessária uma limpeza urgente.

Na ilha do amor a estátua do Cupido está completamente pichada, muitas pessoas foram lá e sujaram a escultura escrevendo seus nomes com tinta óleo branca. A estátua também precisa de restauração, assim como a do índio sobre o portal de entrada.

Muitos mendigos usam o local para dormir e os transeuntes reclamam que eles sujam o parque. A segurança é outra reclamação de quem passa pela Cidade da Criança.


                                                                 fonte: diariodonordeste.globo.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário